Resumo da obra: A escravidão na África


LOVEJOY, Paul E. A escravidão na África: uma história de suas transformações. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

O estudo da obra para entender o processo de escravização dos povos africanos é essencial para compreendermos a situação actual de desigualdade no mundo. Este livro revela uma grande, longa história de exploração de populações fragilizadas por outras mais fortes.
Lovejoy traz uma síntese da história da escravidão e de suas transformação.
A obra sintetiza os motivos que causaram a ampliação do quadro da escravidão na África no século XIX, bem como a Diáspora africana, também o seu declínio. 
O modo como os escravos africanos eram tirados de suas terras de origem e levados para outros continentes,onde teriam que adaptar-se ao clima, cultura, religião, línguas, afim de serem explorados.


Interfaces e Mediações: o reconhecimento da profissão do Historiador e as disciplinas Pedagógicas na formação do Professor/Historiador



 São várias as discussões a respeito da necessidade de refletir a importância das disciplinas pedagógicas na formação do professor-pesquisador face o processo de regulamentação da profissão de historiador. Pretende-se estabelecer o dialogo entre Historia e Educação, tomando como objeto de estudo o Ensino de Historia e a Formação do Historiador, especialmente em aspectos do universo que lhe são constitutivos: programas curriculares, prática docente, capacitação docente, dentre outros e as respectivas inquietações que geram não só na cabeça dos docentes, mas especialmente nas dos docentes de História, a importância, utilidade e relevância dos debates pedagógicos para a formação do egresso, cujas inquietações, que parafraseando Shiavinatto, resultam “de um incomodo mesmo, uma coisa para a qual não tenho resposta, mas que gostaria de tentar nomear”. Esse incômodo é o próprio exercício docente, especialmente o fazer-se do Ensino de História, pois, como assinalava Silva, “em relação ao ensino de historia, é preciso discuti-lo também a luz das novas condições da sociedade contemporânea.
Mesmo sem uma definição e reconhecimento legar da profissão de historiador, dilema esse outrora vivenciado em varias partes do mundo e em seus diversos momentos, é mister para cada um dos que lidam com as interfaces de Clio priorizar em suas práticas o exercício do ofício de formação que se esta recebendo e ter a consciência de seu campo.
Certamente que essas indefinições expressam bem a dificuldade e intersubjetividade de tratar de um projeto de formação profissional, cujo exercício ainda tramita nas instancias legais pela regulamentação, cuja luta histórica se estende desde o imediato pós-Segunda Guerra Mundial, como resposta às crescentes demandas dos trabalhadores pelo reconhecimento de seus direitos, sendo contemporâneo e estando relacionado à criação da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e à emergência dos Estados de Bem-Estar Social.
Após longos anos de lutar incansáveis (no site da ANPUH há um dossiê sobre esse tortuoso processo) e da elaboração de nove Projetos de Leis tramitados na Câmara dos Deputados Federais sem sucesso, no dia 10 de março de 2010, a Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS) aprovou o PLS 368/09, projeto de lei que regulamenta a profissão do historiador, cujo autor proponente é o senador Paulo Paim (PT-RS). O texto foi votado em decisão terminativa e se encontra na ordem do dia de apreciação e votação na Câmara dos Deputados Federais.
Cabe a nos professores-historiadores lutar pelo reconhecimento e regulamentação do nosso oficio.


Autoria Desconhecida.

Cultura e patrimônio lagartense

GRUPO PARAFUSOS DE LAGARTO - VENHA VER O BONITO

Prof. Msc. Claudefranklin Monteiro Santos*
(GPCIR-DHI-UFS)



“Quem quiser ver o bonito, saia fora e venha ver, venha ver o parafuso a torcer e a distorcer”. Durantes anos, homens travestidos de anáguas, cara pintada de branco, com chapéu e fita vermelha saem às ruas de Lagarto e do Brasil girando e cantando ao som de um trio pé de serra. Trata-se da mais original e tradicional manifestação cultural do povo lagartense.

O Grupo Parafusos, assim denominado pelo historiador Adalberto Fonseca, embora suas origens remontem ao século XIX (atribuída, com certa dubiedade, ao Padre Saraiva Salomão, sobretudo em que pese este ainda ter alcançado a assinatura da Lei Áurea), se firmou enquanto manifestação popular a partir dos anos 1980, quando é convidado a participar do Festival de Folclore de Olímpia.

Tornando-se uma atração a parte daquele importante festival da cultura brasileira, que ocorre até hoje em São Paulo, o Grupo Parafusos alcançou uma expressão nunca antes vista, com destaque tanto a nível regional como nacional.

Não há quem não se contagie com as peripécias acrobáticas de seus brincantes, exclusivamente homens. Talvez porque no início eram homens negros e escravos que roubavam às vestes das sinhazinhas, quando estas quaravam à luz da lua cheia, para disfarçados fantasmagoricamente fugirem dos capitães do mato.

A continuidade dessa tradição genuinamente lagartense (e olhe que não faltam esforços para desconsiderar isso) se deve em grande medida a três personagens, em três diferentes épocas: Adalberto Fonseca (anos 80), Seu Gerson (anos 90) e Dona Ione (na atualidade).

Seu Adalberto nos deixou no inicio deste século. Sua imagem, durante anos esteve intimamente associada ao grupo. Seu Gerson (de saudosa memória), um dos jovens que participavam do grupo nos anos 70 e 80, tornou-se uma referência inconteste. Não deixou a tradição acabar e assumiu com galhardia seu posto de líder até seu falecimento. Fundou a Associação dos Grupos Folclórico de Lagarto (ASFLAG) e chegou a tirar do próprio bolso para manter não só os Parafusos como outros grupos da cidade. Foi reconhecido, inclusive nacionalmente, como cidadão de Olimpia-SP, além de uma série de prêmios. Dona Ione hoje assume o bastão e vem se dedicando com afinco à continuidade não só dos grupos bem como da associação.

Porém, não poderia deixar de encerrar essa crônica sem antes lembrar Carlinhos da Prefeitura Municipal de Lagarto. Um dos mais animados brincantes de Parafusos que já presenciei nas inúmeras apresentações do grupo em Lagarto. Sempre sorridente e prestativo, Carlinhos representa a essência dos homens lagartenses de anáguas: bonito.

* SANTOS, Claudefranklin Monteiro . Grupo de Parafusos de Lagarto - Venha ver o Bonito. Revista Perfil, Aracaju-Se, p. 64 - 65, 30 dez. 2010.